Distopia por Kate Willians
O próprio título já nos dá ideia
do que encontraremos aqui, uma distopia.
Como nas distopias em geral, a
história acontece num futuro pós-apocalíptico. A narrativa nos é contada em terceira
pessoa, e os fatos descritos ocorreram após o que eles chamam de Grande Guerra.
Após esse evento, o que restou do mundo é dividido em Governantes e Governados.
Os jovens Governados são recrutados aos 7 anos, onde saem de casa pra viverem e
servirem ao Regimento, sob um regime militar extremamente duro e exigente. Lá,
eles aprenderão a arte da guerra, a lutar, a se defender, manusear armas.
Enfim, são treinados para serem soldados.
Nesse novo mundo existe um
sistema muito parecido com as castas na Índia, onde se você é um Governante,
sempre será Governante. Seus filhos ou descendentes próximos ocuparão o seu
cargo no futuro, e o mesmo ocorre com os Governados. Independente de quem são,
todos são oprimidos de alguma maneira, mas existe no ar um desejo por mudanças.
E é nesse clima que conhecemos Laura, filha do Coronel do Norte, uma futura
Governante e Thiago, um Governado que desde muito cedo teve que abrir mão de
tudo em nome do Regimento.
Antes de mais nada, eu gostei do
livro. Porém, encontrei alguns coisas me incomodaram um pouco.
Apesar de ser uma edição com uma
parte gráfica muito bem caprichada, existem vários erros de revisão. Nenhum
deles distorce o entendimento do texto ou prejudica na dinâmica do mesmo, mas
existem.
Sou fã e muito de distopias, porém
tenho percebido em várias das atuais um apelo romântico. Eu entendo isso. Sem
dúvida, é um chamariz pro público jovem. As distopias clássicas, não focam
nisso, talvez por esse motivo não atraiam tanto os jovens como as
contemporâneas. E talvez eu já esteja um pouco velha e ranzinza demais. Mas eu
queria loucamente saber mais sobre o mundo da história, os detalhes, e o foco
fica mais nas personagens da Laura e do Thiago, que desde as primeiras páginas
já sabemos que terão um romance. Não tenho nenhum problema com romances, mas
não gosto de quando eles deixam de ser o pano de fundo para se tornarem o foco
principal de uma história onde o plot
principal não é um romance.
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Contracapa |
Outra coisa, e essa realmente me
desagradou absurdamente. O uso excessivo da ação "revirar os olhos". Não é o primeiro livro que eu vejo com esse
problema, e como nos outros não me agrada nem um pouco. A ação de revirar os
olhos remete a enfado, incômodo, tédio, chateação, saco cheio e por aí vai. Eu
poderia citar mais um monte de sinônimos ou onomatopeias que indiquem essa
ação. Se existe um vocabulário tão rico, por que não usá-lo em substituição em
alguns momentos? Marquei todas as vezes que lia isso, e passou das 50. Em algumas
páginas tinha 3, e por mais de uma vez, eram 2 ou mais personagens fazendo isso
ao mesmo tempo. No final, até eu estava revirando os olhos.
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Início dos capítulos |
Apesar de ser o primeiro livro da
autora, a escritora dela é dinâmica, fluida e envolvente. Então, acredito que
esses problemas possam ser facilmente resolvidos numa próxima edição.
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Divisão das narrativas das personagens |
Como já disse anteriormente, a
parte gráfica do livro é algo fantástico. A capa é uma das mais lindas que já
vi em uma edição nacional. O trabalho interno também é muito bom. Sempre no
início dos capítulos temos uma ilustração, e no meio dele outra (ilustração)
que remete a uma explosão, pra separar os momentos onde o foco muda de
personagem. Dentro da maioria dos capítulos temos o que a autora chama de Interlúdio, que é quando a história dá
um salto no tempo, e vamos direto pro passado. Esses momentos me agradaram
demais, pois aí podíamos conhecer um pouco mais sobre a história de como o
mundo se tornou o que é no momento.
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Nesses momentos viajamos para o passado |
Em resumo, o plot da história me
agradou bastante, e apesar de alguns detalhes, gostei muito da leitura. As
personagens são interessantes e de um modo geral carismáticas. Como primeira
incursão no mundo da literatura a Kate está bem encaminhada. Sem dúvidas
podemos esperar excelentes histórias no futuro.