O conto foi publicado pela primeira vez em Agosto de 1.844 no Columbian Lady´s and Gentleman´s Magazine.
Revelação Mesmeruana por Edgar Allan Poe 08 pgs |
"Aquilo que os homens tentam personificar na palavra ´pensamento´ é esta matéria em movimento."
A narrativa se incia com uma nota do tradutor que nos explica o que quer dizer "mesmerismo". Na obra original, da Barnes and Noble, não contamos com nenhum apêndice a esse respeito. Para saber mais sobre, acesse o site InfoEscola.
Seria algo muito próximo do que conhecemos como hipnose nos dias atuais, senão a mesma coisa.
No início temos um protagonista que nos descreve o que é essa técnica, como ela se desenvolve e o que é esperado que aconteça com a pessoa magnetizada. Depois de um breve relato, ele diz que "é perda de tempo a tentativa de provar a eficácia da técnica", e nos conta sobre o Sr. Vankirk, alguém em que já aplica o método há algum tempo.
Esse homem, já acostumado aos meios utilizados veio a desenvolver uma percepção maior ao magnetismo. Há algum tempo vem sofrendo de tísica (tuberculose), porém o tratamento tem resultado em uma melhora dos efeitos mais angustiantes da doença. Certa noite, o Sr. Vankirk chama nosso narrador à sua cabeceira. E esse decide mais uma vez aplicar o conhecido método.
A partir daí, a narração torna-se um diálogo, onde o nosso magnetizador questiona o doente acerca da vida, morte e Deus.
Mais uma vez, foi uma releitura. Não lembro ao certo quando, mas sei que o li ainda na adolescência. E como sempre digo, "nunca lemos o mesmo livro duas vezes". Dessa vez, com uma carga literária diferente, e me corrijam se for loucura de minha parte, mas encontrei ligação desse conto com O Livro dos Espíritos de Alan Kardec, que foi escrito quase 3 anos após a publicação desse conto. Como assim, você deve estar se perguntando. Pra quem não conhece, o livro citado é todo escrito em forma de perguntas e respostas, onde são abordados temas como: vida, morte e Deus (olha uma das relações aí).
"Há dois corpos: o rudimentar e o completo, correspondendo às duas condições da lagarta e da borboleta. O que chamamos "morte" é apenas a dolorosa metamorfose. Nossa
atual encarnação é progressiva, preparatória, temporária. A futura é perfeita, final, imortal. A vida derradeira é o fim supremo."
Apesar de não seguir nenhuma religião, conheço o livro de Kardec e já li vários trechos. Muitos estudiosos tratam Poe como um visionário. Eu não sei ao certo como rotulá-lo, mas sem dúvida nenhuma ele era alguém à frente de seu tempo.
Nessa época já se falava sobre espíritos e percepções extrasensoriais em diversos círculos, porém ele foi um pouco mais além, trazendo a discussão do que é Deus. E é exatamente nesse momento que eu fiz a conexão entre as duas obras. Pra ir um pouco mais além, o conto nos traz questionamentos sobre vidas em outros mundos, o que também é comum na obra de Kardec.
"Você fala de seres rudimentares. Há outros seres rudimentares e pensantes além do homem?"
Em resumo, não temos aqui um conto de terror ou suspense, mas um relato ficcional que aborda temas aos quais todos temos questionamentos. É Poe, logo recomendo fortemente pra todos, principalmente pra quem nunca leu nada dele por medo. Não se assuste, aqui você não encontrará fantasmas, ou outros serem do além, mas encontrará uma narrativa densa e que como em outras obras do autor dá margem pra diversos entendimentos. Não espere respostas prontas, mas tenha a certeza de que saíra com muitas perguntas.
Esse post faz parte do Desafio 12 Meses de Poe criado pela Anna Costa
Esse post faz parte do Desafio 12 Meses de Poe criado pela Anna Costa
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