![]() |
Pérolas da Minhas Surdez por Nuccia De Cicco
Metamorfose - WWLivros - 119 páginas
|
As pessoas dizem verdadeiras pérolas sobre surdez, pois a maioria desconhece o assunto. Não compreendem o que é lidar com a ausência de um sentido tão importante, algo que sempre teve, sempre fez parte da sua vida, até o perder. E, então, ter de reinventar todas as suas verdades.
Nesta obra, a autora narra experiências de sua vida após o diagnóstico de surdez total irreversível, buscando ampliar o (re) conhecimento sobre o tema na sociedade. São histórias singulares, divertidas e complicadas, sobre paixões, curiosidades, tecnologias, preconceito, aprendizado e, principalmente, luta e força de vontade.
Um livro que trilha o caminho em direção dos que almejam encontrar respeito, aceitação e voz.
"... sou deficiente auditiva surda profunda bilateral de caráter sensório-neural poliglota de identidade híbrida!"
pg 54
Sabe quando você lê um livro e quer se tornar amiga do autor? Pois é, foi a minha vontade assim que terminei essa leitura.
O livro trata de um assunto difícil, o momento onde a autora se tornou surda de maneira irreverssível, quase que da noite para o dia.
Certo dia, Nuccia ao atender o telefone não ouve nada, troca de orelha e tudo ok. Nem chegou a dar muita atenção ao fato. Tempos depois, em uma consulta médica ela teve a confirmação: neurofibromatose, doença rara que acomete 1 a cada 40.000 pessoas em sua maioria mulheres, e o primeiro sintoma é a perda auditiva.
Eu sou professora de Educação Física, e em uma das minhas andanças pelo mundo, lecionei em Piracicaba em uma escola que acolhia alunos surdos. Lá tinham intérpretes de Libras em todas as salas. Foram 2 anos de muito aprendizado, claro que não aprendi Libras, mas aprendi a como lidar com esse público e isso foi muito gratificante. Sei as letras do alfabeto, os números, um ou outro sinal e tenho o meu próprio que foi dado pelos alunos.
O sinal que substitui o nome próprio normalmente é baseado em uma característica física. No meu caso, leciono sempre com o cabelo preso.
Eu como ouvinte, nem consigo imaginar o que é não ter esse sentido. Falo muito devido ao meu trabalho, danço, sou apaixonada por músicas, barulho de chuva, de onda... Mesmo já tendo trabalhado com esse público é impossível imaginar essa sensação, ainda mais num mundo como o nosso, que é pouco adaptado pra que tem algum tipo de necessidade especial.
O sinal que substitui o nome próprio normalmente é baseado em uma característica física. No meu caso, leciono sempre com o cabelo preso.
Eu como ouvinte, nem consigo imaginar o que é não ter esse sentido. Falo muito devido ao meu trabalho, danço, sou apaixonada por músicas, barulho de chuva, de onda... Mesmo já tendo trabalhado com esse público é impossível imaginar essa sensação, ainda mais num mundo como o nosso, que é pouco adaptado pra que tem algum tipo de necessidade especial.
"Prazer, surda tagarela ao seu dispor."
pg 55
Agora explico porque quero ser amiga da autora. O livro é narrado como se ela estivesse conversando com amigos numa mesinha de bar, ou no sofá de casa. Ela relata sua vida e problemas de maneira leve, descontraída e quase divertida.
O livro é bem curtinho, mas o conteúdo é gigante. Ela mostra de forma natural como encarou esse processo, e ainda o encara. Em certo momentos chegamos a rir com a maneira como ela lida com as adversidades da vida, e em outros é impossível não se emocionar.
Vale ressaltar que além dos relatos pessoais, ela acrescenta inúmeras informações técnicas sobre a surdez, o que torna a experiência literária muito mais rica. E pasmem, apesar de trabalhar na área, não sabia que os surdos não participavam das Paralimpíadas, e sim tinham uma própria pra eles, a Surdolimpíadas. Aprendendo sempre.
Se eu recomendo a leitura? Sem sombra de dúvida. É um livro que traz uma visão sobre como encarar os problemas de maneira leve e natural. E ainda recomendaria fortemente para instituições de ensino.
Comprar - direto com a autora | Amazon