24 maio, 2014

O sonho de tocar as fímbrias do manto de Avicenna

O Físico (The Physician) 
por Noah Gordon
Editora - Rocco - 590 pgs

A narrativa tem início na obscura Inglaterra do século XI, onde conhecemos Robert Jeremy Cole, um garoto de 9 anos, que perde sua mãe e logo em seguida seu pai. Sem outros parentes, ele e seus irmãos são "adotados" por outras famílias. Cada um segue um destino diferente, ficando Rob por último. Alguns dias após a morte do pai, Rob é levado por Barber, um barbeiro-cirurgião que é uma mistura de médico, "artista" e charlatão. Ele leva o menino em suas andanças ao redor da Inglaterra. Em cada cidade que eles param, em meio a números de mágica, malabarismos e atendimentos a pacientes, vendem um elixir que promete curar as mais diversas doenças.

Nem sempre é possível ajudar os pacientes, pois algumas doenças não eram conhecidas ou eles não sabiam como tratá-las. E isso deixa Rob muito decepcionado, pois ele quer ajudar as pessoas. Até que um dia, um homem cego os procura, mas eles o dispensam pois não há o que ser feito. Porém no meio da plateia há um médico que conversa com o paciente e diz ser possível ajudá-lo.

Isso intriga Rob, pois até então ele acreditava que aquela doença era incurável. Nesse momento ele decide que também quer ser um médico. Aí começa sua jornada na busca desse sonho. E essa busca vai levá-lo à Pérsia.

A narrativa é calma, mas bastante envolvente. Os acontecimentos são bem detalhados, mas  a leitura é bastante dinâmica. Os ambientes são muitas vezes sujos, e os tratamentos às pessoas são precários, mas em nenhum momento esses relatos causam repulsa, muito pelo contrário, é muito interessante descobrir como eram os atendimentos nos primórdios da medicina.

O livro nos traz a jornada do herói. O protagonista, um garoto católico, tem um sonho e faz de tudo, o possível e quase o impossível, pra realizá-lo passando por inúmeras provações no decorrer dessa aventura.

Existem 2 personagens que realmente existiram: Ibn Sina (Avicena) e al-Juzjani, mas os relatos históricos, os locais e as outras personagens são muito bem descritos, a ponto de ser quase possível "tocá-los".

Abro um parênteses para a diagramação, que é boa, porém as letras e o espaçamento são pequenos e as páginas brancas. A ilustração da capa, feita por Mireia Zantop é muito bonita, e nos remete de cara ao Oriente. No terço final do livro existem muitos erros de grafia, mas isso não prejudica o entendimento do texto. O título é um detalhe à parte, porque a palavra physician, traduzida ao pé da letra quer dizer médico cirurgião e não físico, como foi traduzido.

Em resumo, é uma história emocionante de superação, com a qual é possível criar uma empatia com o protagonista que é um garoto católico que se vê obrigado a fingir que é judeu para conseguir estudar medicina em uma escola muçulmana, e também com as outras personagens, a ponto de quase sonharmos os mesmos sonhos.



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2 comentários:

  1. Um dos livros mais marcante que já li. Adorei!

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    1. Tb gostei bastante Eliza, mês q vem lança o filme, espera q seja tão qto o livro... :D

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